Professor: José Fazzi
1ª Tarefa Conformação Mecânica 2020/02
Nome: André Mombach dos Santos
Porto Alegre, 22 de setembro de 2020
Essa tarefa foi desenvolvida pelo autor/aluno em linguagem Python no ambiente Jupyter Notebook, com auxilio das bibliotecas NumPy e handcalcs. Acesse também o código fonte.
Uma chapa de latão ($\sigma_e = 26 \cdot |\phi| \cdot 0.50 \cdot \frac{kgf}{mm^2}$), de espessura 15 mm e largura 500 mm, deve ser transformada por laminação a frio em um chapa de 5 mm de espessura.
Considerando o coeficiente de atrito $\mu=0.10$ e que os cilindros de laminação em cada passe são 15% maior que o mínimo necessário:
O primeiro passo é descobrir quantos passes serão necessários para que o processo seja feito de forma homogênea. Para tanto, calcula-se o $\phi_h$ para o processo inteiro, e então o comparamos com o coeficiente $n$, que indica qual a deformação verdadeira máxima homogênea:
Como demonstrado, serão necessários 3 passes.
Logo, cada passe apresentará a deformação de:
Com $\phi_h$, torna-se possível a determinação das espessuras em cada etapa:
Com todos estes dados, já se torna possível o cálculo do comprimento final.
De acordo com a conservação de massa, o volume da peça não deve mudar ao longo do processo. Como não se considera variação na largura no processo de conformação a frio, conclui-se que a deformação verdadeira no comprimento é exatamente a deformação verdadeira na espessura com o sinal inverso.
De modo óbvio, se a conformação tenta diminuir a espessura por um fator de 3, a largura será aumentada também por um fator de 3.
Continuando com o projeto do processo:
Com todos $\Delta_h$, calcula-se o raio mínimo requirido pelo rolo de compressão de cada etapa:
E tambem o parâmetro $l_d$:
Novamente, como o exercício menciona um processo a frio, não se deve preocupar com a variação na espessura. Pode-se estimar que a variação na entrada, na saída e consequentemente a média são todos o mesmo valor.
A área de contato $A_c$, no entanto, varia entre etapas:
Durante um processo de laminação a frio, constantemente se faz necessário a realização de recozimento entre as etapas. Caso não seja feito, o material não ira desempenhar uma deformação homogênea uma vez que o encruamento linear e crescente só acontece até certo ponto. Durante o aquecimento do recozimento, a estrutura do material volta a ser como se ele não tivesse sido endurecido pela conformação.
Dito isto, o cálculo da tensão de escoamento $\sigma_e$ para cada etapa será feito com os valores de $\sigma_e$ antes de passar ser comprimido rolo e $\sigma_e$ depois de ser comprimido pelo rolo. Como o material será recozido em cada etapa, a tensão de escoamento inicial sempre será a mesma e correspondente ao início da região elástica, com $\phi=0.002$.
Como o material será conformado sempre a mesma quantidade ($\phi_{h}=cte$), a $\sigma_e$ de saída também terá sempre o mesmo valor.
As forças ideais $F_{id}$, os momentos ideais $M_{id}$ e as potências $P_{id}$ de cada etapa:
Potências ideais relativamente altas. Provavelmente se deve ao raio ser grande, bem como a área de contato.
Alguns fatores serão utilizados para correção de forças, momentos, etc.
O primeiro passo para obter a força real é o cálculo do raio corrigido. Marca, também, o início do processo iterativo. Considera-se os rolos feitos de aço. A força referência é a força ideal $F_{i_1}$, por enquanto:
As constantes que serão utilizados para obter o primeiro fator de correção:
Do cruzamento deste dois valores do Gráfico 1 da apostila (pg. 35), conclui-se que:
E, consequentemente, a primeira força corrigida do primeiro passo $F_{c_{1_{1}}}$
A força ideal $F_{i_1}$ foi encontrada como valendo $2.142 MN.$ Agora, a primeira força corrigida $F_{c_{1_{1}}}$ foi encontrada como $2.768 MN$. A diferença é gritante. Mais um processo iterativo é necessário. Dessa vez, a força de referência mudou:
A discrepância entre os raios foi bem menor nesta etapa. Bom indicador.
Continuando:
Valores bem próximos aos da iteração breve. Portanto:
Bem parecido. Mais uma última iteração para confirmar:
Houve convergência da grandeza. Calcula-se agora o momento real $M_{c_1}$, com as mesmas grandezas utilizadas no Gráfico 1, porém agora olhando para o Gráfico 2.
E finalmente a potência corrigida $P_{c_1}$ para o primeiro passo:
Repete-se todo o processo do primeiro passo. Não será comentado para economizar espaço.
E finalmente a potência corrigida $P_{c_1}$ para o primeiro passo:
E finalmente a potência corrigida $P_{c_1}$ para o primeiro passo:
Como conclusão, plota-se uma tabela para comparação de resultados:
Na tabela, serão expostos as grandezas de cada etapa em forma de pares. O valor da esquerda é referente ao processo ideal, enquanto o da direta é referente ao processo real:
Nota-se que, como esperado, todas as grandezas reais requerem maior intensidade de energia do que os ideais.
Por último, plota-se outra tabela, agora com os valores sendo exibidos ao decorrer da correção. O primeiro valor é sempre ideal, enquanto os outros 3 são os corrigidos, lembrando que quanto mais iterado, mais corrigido - logo, quanto mais para a direita, mais corrigido está o valor.
Uma laminadora deverá realizar a deformação de uma barra de seção retangular de 5.0" x 5.0", entre cilindros de ferro fundido, com espaçamento entre eles de 60 mm, sendo a rotação dos cilindros da ordem de 80 RPM e diâmetro de 500 mm em uma gaiola com potência de motor de 700 cv e rendimento de $\eta_{mec}=0.85$.
O material será laminado a 1000 °C, e sua composição química é:
O primeiro passo consta na determinação da deformação máxima na espessura que a chapa sofrerá
Como o processo é feito a quente, não se deve preocupar com deformação homogênea: a tensão de escoamento é constante.
Com tais informações, calcula-se o raio
Percebe-se que o raio atual da máquina não é adequado para a tarefa, uma vez que o raio mínimo que o processo requer é maior que este valor. Para que o projeto se torne acessível, o rolo deverá ser alterado.
Continuando, definindo alguns parâmetros de contato:
Como o processo é feito a quente, a deformação verdadeira $\phi_b$ na espessura não deverá ser desprezada.
O importante, neste caso, é conhecer a variação média na espessura, ou seja, entre seu valor de entrada e de saída:
Com tal valor, torna-se possível a validação da área de contato $A_c$:
De acordo com a conservação de massa, é possível obter o valor da deformação no comprimento $\phi_l$ com a deformação na largura e na espessura:
E com todas as deformação verdadeiras definidas, fica fácil determinar o comprimento final da peça:
A tensão de escoamento $\sigma_e$ é constante para o processo a quente e segue uma equação empírica guiada por sua composição:
A força $F$, na laminação a quente, é calculada pela área de contato e pela pressão específica $K_w$.
$K_w$ depende de dois novos fatores, a velocidade de deformação $\dot{\phi}$ e o coeficiente de plasticidade $\eta$:
Finalmente, $K_w$:
Perto do final, $F$:
O cálculo do momento $M$ deve ser feito com a força $F$ e $l_d$:
Enfim, a potência $\dot W$:
Como se percebe, é um valor muito alto para ser praticado. Se deve ao tamanho da área de contato e também à variação de espessura em um único passe (~67mm) muito alta.
Para resolver tal problema, sugere-se a divisão do processo em mais de uma gaiola.